sexta-feira, 14 de junho de 2013

Atravessei o outono (nerudianas)

Atravessei o outono, planta ou raio,
De onde, raio negro ou planta dura,
Vinhas e viste
Até o nosso rincão tropical?

Sombra de um continente longínquo, americano ou francês
Há nos teus olhos, lua aberta
Em tua boca,
E em teu rosto
A pálpebra de uma fruta adormecida.
O pé de uma estrela é tua forma,
Sangue e fogo de antigas lanças em teus lábios

Tua cabeleira é uma carta, escura
Cheia de bruscos beijos e bruscas noticias,
Tua afirmação, tua investidura clara,
Fala-me durante todo o dia

As labaredas de teus olhos, algo
Que vi voar de teu peito, o ar
Que rodeia tua pele, a luz clara da manhã,
Que de teu coração, sem duvida sai,
Algo chegou a minha boca

Penso que, ver-te e não ter-te
Ter-te e não ver-te, me machucam igualmente
Explosão de sentimentos
Afloram pela manhã
Viste, ó bela, o que eu vi?
Sentiste, sonhaste, como eu?

A vida é tua
Mas impacta vidas e vida
Suave como a primeira manhã que te vi.

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