domingo, 18 de agosto de 2013

Voltando de onibus

No onibus as luzes são de outros,
são de fora,
que é o desejo de estar
de quem vai dentro.
Os companheiros são passageiros,
e as vezes os companheiros mais desejados
são os assentos vazios.
celulares
carecas e cabelos adiante,
sensação de espera,
por conforto
por sorrisos,
por frescor no calor,
abraços no frio.
tudo é plástico, tudo é impróprio,
próprio somente para aquele momento
aquelo sorriso
o cansaço de olhar e da fala alheia,
a conversa com início e sem fim
o balbuciar
o bocejar
o calar.
nada é meu, ou seu,
nem coletivo, é de ninguém.
assentos e assuntos reservados a luz da noite,
depois das 18 horas,
depois do horário de verão
beijado pela escura solidão
de dois bancos.

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